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Reportagem Especial - 01
Qua, 03 de Junho de 2015 10:01

O viveiro do Câmpus Muzambinho é referência estadual na produção de mudas para reflorestamento ambiental.

viveiro-no-mapaO Laboratório de Produção de Mudas Florestais atua no Câmpus Muzambinho há 14 anos e promove um trabalho pioneiro no reflorestamento, recuperação ambiental e no paisagismo e urbanismo de municípios. O laboratório fica próximo aos setores de Fruticultura e de Suinocultura (confira a localização clicando no mapa ao lado). Desde o começo, esse trabalho é realizado a partir de um convênio entre o Câmpus com o Instituto Estadual de Florestas (IEF).

Além da produção de mudas, como o próprio nome diz, o viveiro, como é conhecido entre os funcionários do Câmpus, é também um local utilizado para ações pedagógicas entre os cursos agrários da instituição. O Laboratório de Produção de Mudas Florestais recebe também inúmeras visitas de cunho didático de escolas de toda a região.

Atualmente, o setor é Coordenado pelo Técnico em Agropecuária Greimar Alves de Jesus e, por conta dos convênios com a Prefeitura Municipal de Muzambinho e com o IEF, recebe a colaboração do Engenheiro Ambiental do IEF, Luiz Ricardo Zavagli, e de mais três funcionários contratados pelo IEF e pela Prefeitura: Cristiano Mateus Muniz de Souza, Eli Ricardo da Silva, Giovani Muniz.

Entrada do Laboratório 1

O Fechamento dos Viveiros da Região

Com o atual contexto de fechamentos de viveiros - principalmente os de Andrelândia, Poços de Caldas e Pouso Alegre -, o trabalho realizado no Câmpus Muzambinho passou a ser referência estadual na produção e distribuição de plantas nativas da Mata Atlântica. "Nós temos recebido demanda de lugares muito distantes para aquisição de mudas para reflorestamento e recuperação ambiental. Com essa nova realidade de fechamento de viveiros, teremos de aumentar nossa produção no Câmpus", comenta Greimar.

Em 2014 foram produzidas cerca de 50 mil mudas no Câmpus Muzambinho

Produção e distribuição de mudas

Só no ano passado, o Câmpus Muzambinho produziu 50 mil mudas e distribuiu mais de 37 mil entre 141 produtores rurais cadastrados pelo IEF. Esperando pelo aumento da procura, os diâmetros dos saquinhos que comportam as mudas foram reduzidos e a produção para 2015 pode aumentar para cerca de 80 mil mudas.

São 210 espécies de plantas diferentes que são cultivadas no laboratório e a grande maioria faz parte da flora da Mata Atlântica. Greimar (foto abaixo) explicou: "Apesar de termos algumas espécies exóticas, nosso objetivo principal está na recuperação de áreas ambientais típicas da Mata Atlântica. Para isso, nós diversificamos o material que entregue. Nós mesmos selecionamos e mandamos diferentes espécies de plantas, já que nosso intuito é a recuperação de matas".

De acordo com dados do IBGE de 2014, quase 72% da população brasileira vive na Mata Atlântica. Maior que esta porcentagem é o grau de devastação que a original área de Mata Atlântica sofreu: hoje, restam somente 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 hectares com vegetações que existiam antigamente. O impacto dessa perda é enorme. Por exemplo, mais da metade dos animais ameaçados em extinção estão registrados na Mata Atlântica. Por isso, a proteção e a recuperação desse bioma são tão importantes.

Greimar atua no Viveiro desde 2010

Como adquirir as mudas do Câmpus Muzambinho

Os proprietários rurais que têm interesse na aquisição de mudas devem realizar um cadastro no Laboratório. Esse procedimento exige uma cópia do RG, CPF e da escritura do imóvel. Com essa documentação, o IEF consegue manter um controle com os locais e as espécies entregues aos proprietários rurais. O cadastro é feito no Laboratório e pode ser preenchido em qualquer época do ano. Diferentemente, a entrega ou venda das mudas são efetuadas somente no final do ano (início do período chuvoso - geralmente, em novembro).

A importância do reflorestamento ambiental

Raphael é engenheiro Ambiental e atua nos cursos de Segurança do Trabalho Meio Ambiente e AgropecuáriaA preocupação com o reflorestamento e a recuperação ambiental começou a ganhar força nos últimos anos. Algumas ações começaram a implementar e efetivar essa política ambiental. Uma delas é o Cadastro Ambiental Rural (CAR) que consiste num banco de dados para monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e outras formas de vegetação nativa brasileira. Com essa nova norma, os órgãos de controle conseguem exigir melhores ações dos proprietários rurais para recuperar áreas com vegetações nativas.

“Reflorestar significa recompor, implantar e/ou conduzir uma área de vegetação lenhosa arbórea e arbustiva que teve sua cobertura florestal removida por fatores naturais e/ou antrópicos com controle do estabelecimento, crescimento e qualidade da vegetação. Visa-se, portanto, sob a ótica de produção, a obtenção de povoamentos de alta produtividade, satisfazendo necessidades de mercado e sem prejuízos às condições ecológicas, enquanto que do ponto de vista de proteção, almeja-se a conservação dos recursos bióticos, estabilização de encostas, recuperação de áreas degradadas e preservação da biodiversidade", explica o Engenheiro Florestal e Engenheiro de Segurança do Trabalho, prof. Raphael Nogueira Rezende (foto), que promove aulas práticas no laboratório.

Banco de sementes do Câmpus Muzambinho

Para a produção das mudas, os funcionários realizam a colheita de sementes durante todo o ano. Com esse trabalho, desde o ano passado, foi desenvolvido um banco de sementes para demonstração das espécies nativas que são plantadas e distribuídas por conta dos trabalhos do Câmpus Muzambinho.

O processo desenvolvido no viveiro envolve também a colheita das sementes. "Nós vamos a campo, coletamos as sementes e depois fazemos o beneficiamento de cada espécie que iremos utilizar. Plantamos cada semente de acordo com as informações sobre a maturação de cada espécie. Isso para que as mudas fiquem no estágio de entrega próximo ao período chuvoso", ressaltou Greimar.

Banco de Sementes

Essa iniciativa é colaborativa. Atualmente, o Laboratório de Produção de Mudas Florestais faz intercâmbio de sementes com outras instituições de ensino, como a UFLA e o Câmpus Inconfidentes. No entanto, qualquer interessado pode colaborar.

Educação Ambiental e as ações desenvolvidas pelo Câmpus Muzambinho

Um dos eventos tradicionais do viveiro é a promoção da Semana Florestal que acontece sempre próxima ao dia da Árvore, 21 de Setembro. No ano passado, do dia 22 a 26 de setembro, o Câmpus Muzambinho recebeu mais de 600 estudantes da própria instituição e de outras escolas da região para o plantio de árvores em áreas do Câmpus.

"Levar a conscientização da preservação e do reflorestamento florestal para todos os alunos, independente de qual curso estejam é o primeiro passo para criar uma cultura de sustentabilidade", comentou Luiz Ricardo Zavagli, Engenheiro Florestal do IEF, um dos organizadores do evento.

Em um dos dias da Semana Florestal de 2014, o Diretor do Departamento de Administração e Planejamento, Carlos Guida Anderson, plantou uma espécime de "Guatambu branco". Enquanto a Diretora do Departamento Educacional, prof.ª Luciana Maria Vieira Lopes Mendonça, plantou uma espécime do "Aldrago". Além dessas duas árvores, outros exemplares foram plantados por outras turmas que visitaram o viveiro. Veja fotos do antes e o agora:

De acordo com Greimar, o local escolhido foi feito por conta da proteção de uma mina de água próxima. "O reflorestamento ajuda na manutenção e proteção dos lençóis freáticos que nutrem as nascentes dos rios", esclareceu.(Para saber mais, clique aqui).

Em outro projeto envolvendo a educação ambiental, em abril de 2015, uma iniciativa em parceria com a Escola Estadual Cesário Coimbra realizou o plantio de 50 mudas nativas ao redor da escola, que fica no centro de Muzambinho. Para mais informações, clique aqui.

Ações didáticas no Câmpus Muzambinho

O laboratório é usado nas aulas da disciplina “Manejo e Produção Sustentável de Florestas” e que atualmente é ministrada pelo professor Raphael. Neste processo, os alunos acompanham os aspectos sociais, econômicos e ambientais da produção florestal e se envolvem com o conhecimento em campo da dinâmica florestal.

Esse aprendizado abrange todo o ciclo de trabalho do viveiro: desde a obtenção de sementes e produção de mudas até o estabelecimento. Além disso, desenvolvem conhecimentos para saber a importância dos recursos, da seleção de espécies nativas e exóticas conforme objetivos (produção/proteção), análise de clima e solo propícios à implantação, preparo de área e manutenção apropriada, técnicas de manejo sustentável, usos e produtos florestais, mensuração e volumetria de produtos madeireiros e aplicação da legislação ambiental (áreas de preservação permanente e reservas legais).

O laboratório é usado em aulas práticas das disciplinas biológicas e agrárias

O local é usado em aulas práticas de disciplinas dos cursos das áreas biológicas e agrárias. O Laboratório de Produção de Mudas Florestais é aberto à comunidade e a todas as escolas que tenham interesse em visitação. Alguns exemplares de mudas estão disponíveis para venda e outros podem ser doados conforme cadastro e monitoramento realizado pelo IEF. Para agendamento de visitas, clique aqui.

Texto e fotos: Lucas Constantino

Veja aqui todas as fotos que ilustraram essa reportagem:


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