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Histórico do IFSULDEMINAS - campus Muzambinho |
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Qua, 10 de Novembro de 2010 09:33 |
Histórico do Instituto Federal do Sul de Minas – campus Muzambinho
O então Deputado Federal Dr. Lycurgo Leite Filho iniciou um exaustivo trabalho para conseguir a instalação de uma Escola Agrícola em Muzambinho. Nesse período, as diferenças políticas municipais eram grandes e, a despeito das vantagens para a cidade, os adversários políticos se opunham firmemente à vinda da escola, dificultando as negociações entre os proprietários das terras, onde se instalaria a escola, e a prefeitura municipal. No dia 22 de outubro de 1948, finalmente os esforços do Dr. Lycurgo Leite Filho se concretizaram e foi assinado o primeiro Termo de Acordo entre o Governo Federal e o Estado de Minas Gerais, com validade de um ano, para instalar no Município de Muzambinho a Escola Agrotécnica, ligada ao ministério da Agricultura, sendo Ministro o Dr. Daniel Serapião de Carvalho. No dia 31 de Dezembro de 1948, chegou à cidade o Dr. Hercílio Vater Faria, engenheiro agrônomo, funcionário do Ministério da Agricultura, para receber a gleba de terras, onde seria instalada a Escola Agrícola, que deveria ser doada pela prefeitura. Esse fato deixou a cidade em polvorosa, uma vez que essa gleba deveria ser entregue naquele dia, o último do ano. O então prefeito municipal, Sr. Messias Gomes de Mello ficou diante de um sério problema quando o engenheiro lhe apresentou a Portaria da SEAV segundo a qual a doação deveria ser efetivada impreterivelmente naquele dia, caso contrário à cidade perderia o direito à Escola.
As negociações para a entrega das terras foram penosas, uma vez que os proprietários estavam sendo coagidos a não facilitar as negociações, por questões políticas, quando a prefeitura ameaçou desapropriar as terras, seus proprietários cederam, porém exigiram que o pagamento fosse feito em dinheiro na “boca do caixa”. O Gerente do Banco Nacional de Minas Gerais, Sr. Pedro Primeiro Gouveia do Prado se prontificou a arrumar o dinheiro, tendo um grupo de cidadãos endossado um título emitido pela prefeitura no valor de Setecentos e vinte contos de réis. Na noite do mesmo dia 31 de Dezembro, a Câmara Municipal de Vereadores reuniu-se em sessão extraordinária para votar a lei que autorizava a Prefeitura a doar ao Governo da União a gleba de terra demarcada pela comissão. Em Janeiro do ano de 1949, a Prefeitura Municipal de Muzambinho, através de procuração, outorga poderes ao Deputado Estadual Dr. Manoel Taveira de Souza para assinar a Escritura de doação ao Governo da União, através do Serviço do Patrimônio da União.
Foram contratados para as obras, entre muitos outros, os senhores Nello e Hermenegildo Pulcinelli, Willian Pioli, Antônio Esaú dos Santos, José Esaú dos Santos, Benedito Dino, Márcio Siqueira, Rubens Bonelli Abrão, Roque Magalhães Filho e muitos outros que construíram com suas mãos a história da Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho.
As obras foram paralisadas em outubro de 1950 devido à dificuldade do repasse de verbas para pagamento de pessoal. Era, coincidentemente, ano de eleições presidenciais e o Executor do Acordo, Sr. Hercílio Vater de Faria, foi convocado a comparecer ao Rio de Janeiro onde ficou até as eleições.
Na primeira quinzena de Fevereiro de 1952 foram realizadas as inscrições para o primeiro vestibular do Curso de Iniciação Agrícola, com início das aulas previsto para o princípio do mês de março daquele ano, sob a direção do Dr. Hercílio Vater de Faria. Ao todo se inscreveram quatrocentos e cinquenta e três candidatos, sendo classificados cento e quarenta e seis.
No dia 22 de Novembro de 1953 chegou a Muzambinho o Presidente da República, Getúlio Vargas, acompanhado de uma comitiva para a inauguração da Escola Agrotécnica de Muzambinho. Entre os integrantes estavam Juscelino Kubitschek de Oliveira, Governador de Minas Gerais, Dr. João Cleóphas, Ministro da Agricultura, Dr. Tancredo Neves, Ministro da Justiça, Senador Assis Chateaubriand, Deputado Lycurgo Leite Filho, Dr. Renato Costa Lima, representante do Governo do Estado de São Paulo, além de oficiais de Gabinete da Presidência da República, Ajudantes de Ordens, Parlamentares e a Guarda Pessoal do Presidente comandada pelo Tenente Gregório Fortunato, que pernoitaram na Escola. Prefeitos, vereadores, autoridades e populares de toda a região participaram da inauguração.
Segundo informações do Sr. Messias Gomes de Mello, Prefeito Municipal na época, foi organizada uma grande festa com churrasco e chope à vontade para a população, no centro da cidade. O evento teria a presença do Sr. presidente que acabou não comparecendo à festa na cidade, ficando apenas na Escola Agrotécnica. . Na manhã seguinte, estava tudo preparado para a primeira refeição do presidente e seus acompanhantes com lugares marcados, quando o senhor Getúlio Vargas resolve sentar-se junto aos alunos e, eis que se senta, exatamente, em um lugar onde havia uma xícara sem asa, situação desagradável que foi resolvida com rapidez, porém deixando os organizadores da recepção constrangidos. Durante a visita do presidente, houve um belo baile com a presença da alta sociedade muzambinhense em homenagem ao presidente com apresentação da banda de música municipal. A vinda do presidente da República à Muzambinho marcou um período de transição na vida política do país, uma vez que a oposição estava cada vez mais atenta aos passos do chefe da Casa Civil.
Em 1956, o Dr. Hercílio Vater de Faria foi substituído na direção da Escola Agrícola pelo Dr. Marcelo Diógenes Maia, de acordo com a Portaria Ministerial n.º 434, de 20 de Abril de 1956, em função das modificações políticas por que o país vinha passando. Em Outubro do mesmo ano, assumiu a Direção da Escola o Dr. Paulo de Azevedo Berutti, substituindo o Dr. Marcelo que foi designado para dirigir a Escola de Iniciação Agrícola de Machado. Em Dezembro de 1958 o diretor da Escola suprimiu o Curso Técnico Agrícola, colocando 57 alunos em sérias dificuldades, sendo que, com esforços próprios, conseguiram matrículas em Barbacena, Pinheiral e Santa Tereza. Novamente, em 1961, a direção da escola foi substituída, desta vez pelo Dr. Darcy Rodrigues da Silva.
Em Abril de 1967, assumia a Direção do Colégio o Professor José Rossi, substituindo o Dr. Darcy Rodrigues da Silva. Em Maio deste ano, de acordo com o Decreto n.º 60.731, do dia 19, o Colégio foi transferido do Ministério da Agricultura para o Ministério da Educação e Cultura, com todo seu material e pessoal. Em Dezembro de 1969 foi extinto o Curso Ginasial, passando a funcionar somente o Colegial Agrícola. Em Dezembro de 1976 iniciavam-se os primeiros planos para a ampliação do Colégio, também neste ano formava-se a primeira turma de Técnicos em Agropecuária.
“O último decênio foi altamente decisivo, não apenas para a Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho, mas para todo o ensino Agrícola Federal de 2º grau com a criação da COAGRI – Coordenação Nacional do Ensino Agropecuário, tendo à sua frente o dinâmico e entusiasta educador Dr. Lamounier Godofredo Júnior que remodelou e equipou todas as 33 Escolas Agrotécnicas não apenas na parte física, mas também na parte pedagógica. Hoje a Escola possui a Cooperativa que além de oferecer as condições para aprendizagem da doutrina e dos mecanismos cooperativistas, propicia condições para comercialização do excedente de produção cuja renda é revertida para a manutenção dos projetos agropecuários. Todos os projetos da Escola são elaborados e executados com efetiva participação dos alunos que assim aprendem na prática. Através do sistema de monitoria, os alunos do 3º ano têm a oportunidade de desenvolver suas aptidões e habilidades de liderança e administração, habilidades estas que ao lado de outras são imprescindíveis para sua atuação na vida prática futura." A Escola conta, ainda, com um coral, uma fanfarra e aulas de judô entre outras atividades extracurriculares integrando escola e comunidade, num trabalho exemplar de seus diretores. Diretores desde a fundação:
Não é possível, no entanto conceber toda a história da Escola Agrotécnica Federal em um espaço tão pequeno, pois são mais de 50 anos de história, desde o primeiro momento de sua concepção em 1948 até sua transformação em campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia durante o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva e a federalização do curso de Educação Física de Muzambinho. Também não é possível pensar em Muzambinho sem a Escola Agrotécnica Federal, hoje campus Muzambinho do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, e seus alunos que chegam de várias partes do país e, aos poucos, passam a fazer parte da cidade, amando como quem ama sua própria terra natal, como aconteceu com ex-alunos que aqui se estabeleceram e formaram família. Esta é, sem dúvida, uma História que sempre terá um recomeço, a cada novo ano, com os estudantes, professores e servidores. Observação: Na sua existência sempre ligada ao Ensino Agrícola, recebeu três denominações: de 1953 a 1964, Escola Agrotécnica de Muzambinho; de 1964 a 1979, Colégio Agrícola de Muzambinho e pelo Decreto nº 83.935 de 04/09/1979 até 29 de dezembro de 2008, Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho-MG. A partir desta data passou a ser denominada Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – campus Muzambinho. Elaborado por Neide Barbosa – professora de História da Casa da Cultura de Muzambinho em trabalho coordenado pelo Secretário de Cultura e Turismo Fernando Antônio Magalhães no exercício de 1995-2000. O texto foi acrescido de novas informações a partir de 1998 por Fernando Magalhães, técnico efetivo do Instituto Federal em março de 2010. Clique aqui e ouça a fala do Presidente Getúlio Vargas na inauguração (transmissão) |