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Reportagem Especial - 06
Sex, 10 de Julho de 2015 07:56

O Setor de Fruticultura do Câmpus Muzambinho e seus Dias de Campo como troca de experiências e saberes.

Aliar ensino, pesquisa e extensão é a característica principal do Dia de Campo da Fruticultura que normalmente acontece uma vez por ano. A edição de 2015 tem previsão para acontecer no segundo semestre. Primeiramente, os estudantes e professores do técnico e da graduação desenvolvem pesquisas sobre as melhores formas de produção e processamento de frutas e, em seguida, todo o conhecimento é repassado aos produtores rurais da região. Esse encontro entre os pesquisadores e os produtores é feito no chamado Dia de Campo da Fruticultura.

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O evento acontece nas dependências do Câmpus Muzambinho, é gratuito e aberto ao público. O encontro é voltado aos alunos do técnico em Agropecuária, do técnico em Alimentos, da Engenharia Agronômica e aos produtores rurais da região. O Dia de Campo é realizado com foco em duas etapas: a produção (plantio, manejo, poda e colheita da cultura) e o processamento da fruta (conservação, fabricação de doces, geleias, sucos ou o consumo in natura).

"Todas as nossas pesquisas passam por quatro fases: conhecemos junto aos alunos como lidar e manejar as culturas; desenvolvemos estudos científicos sobre a fruta em questão; essas pesquisas são utilizadas em sala de aula, já que são experiências realizadas próximas dos nossos estudantes; e, por fim, repassamos os nossos resultados para o produtor rural no que a gente chama de Dia de Campo", explica um dos coordenadores do projeto e professor de Fruticultura, Paulo Sérgio de Souza.

O Dia de Campo da Fruticultura já aconteceu duas vezes. Os encontros já reuniram cerca de 80 pessoas e abordaram diversas culturas: uva, banana, maracujá e figo. No último dos encontros, que aconteceu em março do ano passado, a produção do figo foi a única fruta abordada pelos organizadores. "Um dos nossos objetivos foi mostrar técnicas de produção e consumo do figo maduro, pois a maior parte das pessoas conhece somente o figo verde", afirma Paulo Souza.

Alternativa de produção

Um dos focos principais do projeto é mostrar aos produtores rurais da região, principalmente os de pequeno porte, a viabilidade do plantio das frutas para nossa região. "Vivemos num lugar onde 80% dos produtores são pequenos proprietários de terra e, geralmente, estão presos à monocultura do café. Uma das nossas intenções é destacar uma alternativa e fazer com que eles não dependam somente de uma fonte de produção", comenta o técnico do setor de Fruticultura, Gentil Luiz Miguel Filho.

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Diferentemente do café, a fruticultura é uma oportunidade econômica que pode gerar renda ao longo de todo ano. "Pensando nisso, buscamos trabalhar com algumas culturas que podem trazer um retorno financeiro já no primeiro ou no segundo ano de cultivo como, por exemplo, o figo. Culturas assim são um atrativo para o pequeno produtor rural que não tem capital para investir a longo prazo", declara Paulo Souza.

Aos poucos, os projetos do Setor de Fruticultura do Câmpus Muzambinho têm conseguido despertar o olhar dos agricultores sobre as vantagens desse tipo de produção. No segundo Dia de Campo, por exemplo, o produtor rural Lúcio de Oliveira mostrou interesse em começar o plantio de figo na sua propriedade. Para ele, a plantação deste fruto é "uma opção muito lucrativa para nossa região e que pouco conhecemos". "Já conversei com o professor e quero adquirir algumas mudas de figo para começar a plantar", revelou ele, que já participou dos dois Dias de Campo da Fruticultura.

Com os encontros, aqueles que já produzem frutas também podem tirar suas dúvidas e melhorar as suas formas de cultivo. É o caso do tecnólogo em Cafeicultura, Pedro Alberto, que pôde tirar seus questionamentos sobre a produção do figo, uma vez que ele começou recentemente o plantio da fruta em sua propriedade. "A aula que tivemos ajudou muito, pois eu vou poder melhorar as técnicas que eu estou usando no plantio do figo. O Instituto está no caminho certo em mostrar outras alternativas de produção principalmente ao pequeno produtor", conclui ele.

Do Campo à indústria - Como o projeto acontece

Por trás de todo o Dia de Campo, muitas pesquisas são desenvolvidas pelos alunos, técnicos e professores do Câmpus Muzambinho. O Setor de Fruticultura realiza diversos trabalhos que estudam culturas que têm o potencial de produção e que, se ainda não foram abordadas, poderão servir de material para futuros Dias de Campo. Atualmente, o Setor possui estudos que abrangem a produção das seguintes frutas: abacate, mirtilo, pitaia, atemoia, tangerina, laranja, maracujá, figo e uva.

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O grupo de pesquisa da Fruticultura é composto por alunos de três cursos do Câmpus Muzambinho: Técnico em Agropecuária, Técnico em Alimentos e Engenharia Agronômica. O projeto acontece com a orientação dos professores Paulo Sérgio de Souza, Evane da Silva e Bianca Sarzi de Souza. As pesquisas e encontros acontecem também com o apoio do técnico do Setor de Fruticultura, Gentil Luiz Miguel Filho, da técnica do setor de vegetais da Agroindústria, Paula Goulart Vasconcelos, e dos funcionários de campo, Donizetti Tavares Barbieri e Cláudio Dipe.

O projeto busca complementar a educação dos alunos com a prática no campo. "Para nós, alunos, o Dia de Campo é uma oportunidade para aprendermos sobre assuntos que, muitas vezes, não encontramos nas salas de aula", afirma uma das integrantes do grupo de pesquisa da Fruticultura e graduanda do 7º período de Engenharia Agronômica, Madelene Gonçalves Sousa.

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Além do contato com a prática de extensão, os estudantes têm a oportunidade de desenvolver e divulgar informações da Fruticultura a partir dos estudos realizados. “Temos desenvolvido vários experimentos no Setor de Fruticultura com o intuito de gerar conhecimentos científicos através da pesquisa. Com isso, os alunos envolvidos podem usar os resultados em congressos e fóruns que fomentem a pesquisa na área", explica Paulo Souza.

Cultivares Videira

Um dos próximos Dias de Campo, que está sendo organizado, vai abordar o cultivo, colheita e processamento da uva. Desde 2010, oito tipos de cultivares de videira rústica (Vitis labrusca L.) estão sendo produzidos e estudados. Este projeto da uva é coordenado pela professora Bianca Sarzi de Souza junto aos estudantes Rafael Bibiano, da Engenharia Agronômica, e Bruno Souza, do curso técnico em Alimentos.

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A pesquisa envolve duas etapas: produção e processamento da fruta. O aluno da Engenharia Agronômica, Rafael Bibiano, toma conta do plantio, manejo e da colheita da uva. "Na pesquisa, procuro melhorar minha forma de observação das condições da uva ao longo de seu desenvolvimento e, com isso, perceber os melhores momentos de realizar alguma prática cultural", conta Rafael Bibiano.

Num segundo momento, o estudante do técnico em Alimentos, Bruno Souza, cuida do processamento da fruta para encontrar o melhor cultivar para a fabricação do suco, ou mesmo da geleia da uva. Ainda que ocorra essa divisão entre a coordenação das tarefas, os dois estudantes acompanham juntos todo o processo."Vamos analisar a colheita e pós-colheita e tentar extrair o suco, pois nós temos, na Agroindústria, a extratura do suco. O suco já sai pasteurizado, o que é interessante para ser comercializado", afirma a professora Bianca Souza.

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Em outubro de 2013, uma chuva forte atrapalhou a produção da uva e, por conta disso, boa parte da cultura foi perdida. Isso vai influenciar diretamente a quantidade produzida da fruta e seu proveito na agroindústria. A expectativa é que com a colheita somente o suco consiga ser extraído. No entanto, a intenção da pesquisa não é a grande produção e sim a análise do material coletado.

Portanto, mesmo com a perda de produção, as amostras colhidas serão suficientes para, em junho ou julho deste ano, trazerem resultados para a pesquisa do projeto. Com esses dados obtidos, novas divulgações em pesquisas científicas acontecerão.

"Quando entramos em contato com o produtor, é importante mostrar a ele as possibilidades de processamento das frutas. Por exemplo, o figo. Muitos produtores podem possuir a planta em casa e não saber que podemos consumir o figo maduro ou mesmo a possibilidade de se fazer o doce e a geleia", declarou Bianca Souza.

O hábito alimentar

Além de trabalhar toda metodologia de produção e processamento das frutas, o Dia de Campo busca dar visibilidade à fruticultura. "É mais que notado o bem para a saúde que o fruto traz para o organismo. No suco, por exemplo, tem o açúcar, que te nutre, mas também tem os carotenos, a água, as fibras, as vitaminas e muitos outros componentes que você não encontra em refrigerante", reitera Paulo.

Pensando nisso, o hábito de consumo da fruta é trabalhado em sala de aula pelos professores. Nas pesquisas divulgadas para os alunos, o projeto destaca as propriedades nutritivas das frutas. Essa importância nutricional é refletida para que os alunos cresçam tendo a visibilidade da relevância social, econômica e na saúde da população que a produção e o consumo das frutas podem gerar.

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"Vivemos numa região propícia ao plantio das frutas e moramos ao lado do estado de São Paulo, um mercado consumidor promissor. Essas duas condições nos garante viabilidade econômica para o cultivo das frutas. Além da produção, dos empregos gerados, o consumo da fruta traz um benefício enorme para saúde pública em geral", conclui Paulo Souza.

O Dia de Campo da Fruticultura fomenta também a pesquisa dos alunos do Câmpus Muzambinho. "O contato com a pesquisa através do projeto tem sido muito importante para minha formação, pois através dele estou me aperfeiçoando e aprendendo a lidar na prática com as dificuldades enfrentadas no campo quanto ao manejo e a condução de um pomar", declara o pesquisador e estudante, Rafael Bibiano.

Com as iniciativas do Câmpus Muzambinho, os produtores rurais da região têm procurado o Setor de Fruticultura para tirar dúvidas e esclarecimentos. A intenção dos coordenadores é estreitar cada vez mais essa relação entre o produtor rural e as pesquisas realizadas dentro do Câmpus Muzambinho.

Texto: Lucas Constantino
Fotos: Lucas Constantino e Cleciana Rangel

Confira as fotos usadas para produção desta reportagem:


Esta reportagem foi produzida em maio de 2014 a partir de uma sugestão de pauta!
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