Laboratório de Atividades Aquáticas do Câmpus Muzambinho promove saúde e esporte à população de Muzambinho.

O Laboratório de Atividades Aquáticas (AQUALAB) funciona no IFSULDEMINAS – Câmpus Muzambinho desde 2010. O laboratório possui dois vestiários completos e uma piscina semiolímpica (de 25 metros) coberta e aquecida por energia solar. Localizada no CeCAES, Centro de Ciência Aplicada à Educação e Saúde, a piscina de 400 mil litros beneficia o ensino, a pesquisa e a extensão.

No ensino, o AQUALAB é destinado aos estudantes do sexto período do bacharelado e da licenciatura que cursam a disciplina de Metodologia e Práticas de Atividades Aquáticas. Na pesquisa, o laboratório é usado pelos alunos como fonte de estudos e oportunidade de complementar o conhecimento teórico com práticas pedagógicas aplicadas. Na extensão, o AQUALAB atende atualmente mais de 400 pessoas - dentre crianças, adultos e idosos - em seus diversos projetos de extensão.

“Não justificaria mantermos uma piscina coberta e aquecida para somente ministrar uma disciplina para somente um período dos alunos do curso. Então, nós elaboramos um laboratório que produz pesquisa na área de atividades aquáticas e desenvolve projetos de extensão para a comunidade local” conta a coordenadora do CeCAES, professora Daniela Gomes Martins Bueno.

Atualmente, seis projetos de extensão são realizados no AQUALAB. O laboratório possui um grupo de pesquisa próprio que desenvolve quatro desses seis trabalhos da extensão. As modalidades Natação Infantil, Natação Adulto, Hidroginástica e Spinning Aquático atendem mais de 200 beneficiários em suas diversas turmas. Em geral, as aulas acontecem três vezes por semana e são ministradas pelos estudantes de Educação Física e integrantes do Grupo de Pesquisa do AQUALAB sob coordenação da professora Daniela Bueno. Além desses trabalhos, o laboratório ainda atende crianças dos projetos Minas Olímpica e Segundo Tempo.

O grupo de pesquisa do AQUALAB

O grupo de pesquisa do AQUALAB se reúne toda quinta-feira para discutir artigos científicos, livros sobre atividades aquáticas e o planejamento dos projetos extensão que acontecem no laboratório. A dinâmica do grupo acontece em duas etapas: a fase de estudos, com apresentação de seminários, e a fase de discussão, onde as aulas da extensão são planejadas e debatidas.

Seis bolsistas e dois alunos voluntários integram o grupo de pesquisa do AQUALAB. Como requisito, os bolsistas devem, obrigatoriamente, já terem cursado as disciplinas de Primeiros Socorros, de Anatomia e de Fisiologia. Além de desenvolverem os projetos do laboratório, os bolsistas devem participar do grupo de pesquisa.

O objetivo principal dos encontros é a preparação dos alunos frente às aulas dos projetos. Para a professora Daniela Bueno, “a perspectiva principal é que, quando os alunos formarem, eles consigam construir suas práticas pedagógicas com planejamento e não com atividades soltas e, com isso, possam trazer um resultado real e planejado para os seus futuros alunos”. Os bolsistas levam a proposta de aula ao encontro para que seja discutida em grupo.

“É uma oportunidade fantástica poder aprimorar o conhecimento em grupo e poder aplicá-lo nas aulas dos projetos”, afirma um dos bolsistas do AQUALAB e estudante do 3º período do curso de Educação Física, Marcelo Miranda Nascimento. Além da experiência prática a partir das aulas, os alunos desenvolvem pesquisas científicas que são realizadas no próprio laboratório, com os equipamentos do Instituto e com os beneficiários dos projetos de extensão.

Os Projetos do AQUALAB

Os projetos desenvolvidos no AQUALAB estão entre os mais procurados pela comunidade muzambinhense. Cerca de 210 pessoas são beneficiárias das modalidades aquáticas – Natação (adulto e infantil), Hidroginástica e Spinning Aquático – que são realizadas no laboratório. De acordo com a professora Daniela Bueno, a procura é grande não somente porque os projetos são oferecidos gratuitamente, mas também porque o acompanhamento físico dado aos beneficiários é algo que falta às academias da região.

“Nós estamos recebendo pessoas que têm condições de pagar uma academia particular mas que vêm para cá porque sentem a necessidade de terem um retorno quanto ao seu desempenho físico ao realizar uma atividade esportiva”, conta Daniela Bueno. Os projetos realizados no AQUALAB atendem a comunidade em geral, sem distinção social de renda, idade, cor.

Com isso, as turmas atendidas acabam sendo muito heterogêneas – o que, para Daniela Bueno, é a realidade que todos os profissionais de Educação Física encontram nas academias e escolas onde trabalham. Esse contato com diferentes públicos é um aprendizado como conta Ana Flávia Possidônio, bolsista do AQUALAB e estudante do 8º período de Educação Física: “A possibilidade de trabalhar com diferentes idades é muito proveitosa. Nós quebramos muitos preconceitos dessa forma. Por exemplo, ao contrário do que muitos pensam, os idosos são muito esforçados e dispostos à prática das atividades físicas”.

Para participar do projeto, uma vez que as turmas já estão todas lotadas, os interessados devem entrar numa fila de espera que é atualizada a cada semestre. Aqueles que conseguem as disputadas vagas devem entregar um atestado médico comprovando aptidão à prática de atividade física e realizam junto aos profissionais de Educação Física uma anamnese sobre seu atual estado de saúde. “Embora nosso público majoritário seja aquele que, por prescrição médica, não pode realizar algum tipo de atividade terrestre, nosso foco dos projetos não é atender pessoas lesionadas. Quem faz reabilitação é o fisioterapeuta, não o profissional de Educação Física”, comenta Daniela Bueno.

Natação

O projeto de natação acontece desde 2010 e atende um público variado de 9 a 66 anos de idade. O ensino da natação é uma necessidade da própria sociedade. Um exemplo disso é o número de afogamentos de crianças - segunda maior causa morte infantil por acidente. “E não somente a faixa etária infantil. É muito comum sabermos de afogamentos de pessoas que sabiam nadar”, declara Daniela Bueno. É neste sentido que o principal objetivo das aulas da natação é ensinar as pessoas a se locomoverem com eficiência na água. As turmas são divididas em duas classificações: infantil e adulto.

Um dos focos de todos os projetos do AQUALAB é acompanhar a evolução dos alunos nas modalidades esportivas que cada um pratica. “É muito bom podermos acompanhar a evolução do nosso desempenho nas atividades que a gente faz aqui na piscina. É bom sabermos que sempre podemos melhorar”, afirma o aluno da natação, Eduardo Carvalho Arena.

Hidroginástica

Assim como a natação, a modalidade de Hidroginástica é oferecida desde o ano em que o AQUALAB iniciou suas atividades - em 2010. A maior parte do público atendido possui alguma lesão nas articulações. No entanto, é importante destacar que a Hidroginástica é um esporte que pode ser praticado por qualquer pessoa. Nas turmas do laboratório, a faixa etária chega a atingir mais de 80 anos.

Há dois anos na Hidroginástica, Florinda dos Reis Machado, de 81 anos, ainda não vê a hora de parar. “O primeiro motivo de praticar atividade física é uma satisfação pessoal, pois o idoso não pode ficar parado. O bem-estar que a Hidroginástica me faz não tem igual”, comenta Florinda Machado. Além do ganho em saúde, o exercício físico é uma oportunidade de interação e convívio social entre os praticantes. “O dia que eu não venho é que eu fico triste, porque é o dia que eu sinto falta das aulas, do pessoal e dos professores que são super atenciosos com a gente”, diz a beneficiária do projeto de Hidroginástica, Sueli Bueno Vieira de Assis.

Spinning Aquático

Oferecida no AQUALAB desde 2013, o Spinning Aquático é uma modalidade relativamente nova no mundo inteiro. Consiste basicamente em exercícios realizados com a bicicleta dentro da água. Ou seja, para sua prática, não há necessidade das pessoas saberem nadar. Diferentemente da Hidroginástica, que pode ser praticada por qualquer pessoa, o Spinning Aquático restringe sua prática àqueles que não possuem lesão no joelho.

A faixa etária das turmas atendidas no AQUALAB abrange pessoas de 20 a 70 anos. “É uma atividade extremamente prazerosa que traz um resultado de ganhos fisiológicos muito interessantes”, esclarece Daniela Bueno. De acordo com estudos realizados no próprio laboratório, as conclusões apontaram para uma significativa perda de gordura e um alto ganho de massa muscular nos alunos do projeto.

Ensino, pesquisa e extensão

Os projetos realizados no AQUALAB conseguem abranger, em todos os sentidos, o tripé do ensino, pesquisa e extensão. Com o grupo de estudo, os estudantes de Educação Física conseguem discutir práticas pedagógicas na teoria e aplicá-las de forma prática nas aulas dos projetos de extensão. Além disso, têm a possibilidade de analisar os resultados obtidos pelos beneficiários em pesquisas científicas.

Os bolsistas e voluntários do laboratório conseguem também, com a prática, trabalhar com aquilo que o mercado de trabalho exigirá deles. “A vivência com os projetos aprimora nosso conhecimento e contribui muito para o nosso currículo acadêmico e profissional, pois aqui temos contato direto com o que podemos encontrar depois de formarmos”, afirma o bolsista Ivair Danziger Araújo, aluno do 8º período do curso de Educação Física.

Não bastasse o ganho científico para o IFSULDEMINAS, os projetos desenvolvidos no AQUALAB contribuem para a saúde da comunidade local. “Em todas as turmas, o ganho em saúde é muito significativo. Todos os nossos estudos apontam nesse sentido. Os beneficiários deixaram de ir ao médico na mesma frequência que iam, deixaram de tomar remédios na mesma frequência que tomavam”, conclui Daniela Bueno.

Texto e fotos: Lucas Constantino

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