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XII Congresso Meio Ambiente
Dom, 24 de Maio de 2015 22:21

XII congresso nacional de meio ambiente de Poços de Caldas promove discussões sobre a crise hídrica e energética.

Realizado no espaço da Urca em Poços de Caldas, entre os dias 20 e 22 de maio, o XII Congresso Nacional de Meio Ambiente promoveu debates sobre a crise hídrica e energética entre profissionais da área, professores, estudantes e interessados no tema.

A abertura do evento contou com a presença do vice-prefeito de Poços de Caldas, Nizar El-Khatib, que defendeu um desenvolvimento municipal sustentável em prol do Meio Ambiente; o reitor do IFSULDEMINAS, Marcelo Bregagnoli, que ressaltou a importância de se fazer uma análise científica e antropológica sobre a crise hídrica; a Secretária Municipal de Educação, Maria Cláudia Prezia Machado, que observou que o congresso deve levar seus participantes a saírem do senso comum e pautarem suas discussões em informações científicas adequadas; o Diretor-Geral do IFSULDEMINAS – Câmpus Muzambinho, Luiz Carlos Machado Rodrigues, que destacou que a população deve refletir sobre a crise hídrica e energética começando com ações em sua própria casa e sua região; e o Presidente da Comissão Organizadora do evento, Prof. Claudiomir S. Santos, que agradeceu o apoio e a parceria do IFSULDEMINAS, em especial do Câmpus Muzambinho e convidou a todos para comparecerem na edição do evento em 2016.

Crise hídrica e energética.

Atualmente, 768 milhões de pessoas não têm acesso a fontes adequadas de água e 2.5 bilhões de não possuem em suas casas saneamento básico, segundo pesquisa da UNESCO (2014). Esse cenário ressalta a importância e emergência da promoção de debates em torno da crise hídrica e energética no Brasil.

Para tanto, o Congresso Nacional de Meio Ambiente recebeu em seu primeiro dia de evento palestrantes como o Prof. Dr. José Galizia Tundisi do IIE/USP. Em sua palestra o professor citou as múltiplas dimensões da crise hídrica e ressaltou que é necessária a promoção da segurança hídrica para que a população seja capaz de garantir a quantidade e qualidade de água necessária para o sustento da saúde humana e dos ecossistemas.José Galizia ainda destacou a importância do congresso, pois, segundo ele “as atividades científicas e tecnológicas transformam a sociedade”.

Também foram promovidas duas mesas redondas. Na primeira o prof. Francisco Eduardo da F. Delgado mediou uma discussão sobre o conceito de educação para água através dos palestrantes Aloísio Bozzini da UNIFEG que abordou questões econômicas como as conseqüências financeiras que ocorrem quando, na medida em que ocorrem mudanças climáticas, as empresas de recursos hídricos continuam premiando os maiores consumidores e não os que mais economizam; José Eduardo Zaia da UNIFRAN que detalhou a importância da atuação dos comitês de bacias hidrográficas; e Afrânio Righes da UNIFRA –RS que destacou que o fator limitante para enfrentar a crise hídrica é conter o desmatamento. Segundo o professor a taxa de infiltração de água no solo muda substancialmente quando comparamos locais com florestas nativas e locais que possuem plantações agrícolas tradicionais, sendo que as primeiras chegam a promover quase 100% de infiltração.

A segunda mesa redonda foi mediada pelo reitor do IFSULDEMINAS, Prof. Dr. Marcelo Bregagnoli e promoveu uma discussão sobre a escassez de água no sudeste entre o prof. Dr. Antônio Carlos Zuffo da Unicamp, que defende que a gestão da água deve ser descentralizada e sistêmica considerando diversas formas de utilização, mas priorizando o consumo humano; o prof. Dr.Mário Dantas do CODEMA – Três Corações que ressaltou a necessidade de planejamento para que se possa conter corretamente o assoreamento, o desmatamento, o desperdício e a poluição; e o prof. Dr. Sérgio Pedini que citou a queda na umidade no país para explicar os comportamentos climáticos recentes.

O primeiro dia do evento foi encerrado com uma apresentação da peça Orgulho Mineiro pelo grupo de teatro do IFSULDEMINAS – Câmpus Muzambinho, dirigida por Silas Navarro e composta por interpretações de poemas de Carlos Drummond de Andrade.

Aspectos da agroecologia e fontes alternativas de energia.

A relação entre a crise hídrica e a energética é direta, o que evidencia ainda mais o cenário atual do país de ausência de eletricidade para mais de 1.3 bilhões de brasileiros.

A primeira mesa redonda do segundo dia do Congresso Nacional de Meio Ambiente trouxe a tona um debate sobre como a agroecologia pode contribuir com a falta de água e energia no Brasil.

Mediada pelo professor Otávio Duarte Giunti, a mesa contou com a participação da Dra. Anastácia Fontanetti (UFSCAR) e Dra. Alesandra de Carvalho Silva (Embrapa Agrobiologia – RJ).O debate demonstrou como é possível minimizar a degradação dos recursos naturais através da utilização de sistemas mais ecológicos de produção agrícola sustentável. Também foram discutidas formas de controle biológico conservativo através da utilização de microorganismos e insetos para regularização da população de insetos praga.

O segundo debate do dia foi mediado pela Profa. Maria Teresa Mariano (PUC Minas), entre o Prof. Valdir Schalch (USP), o Sr. Antônio Aparecido Almeida (Ação Reciclar) e a Sra. Talita Alves Ribeiro (CEMPRE – SP). Neste momento, foram discutidos aspectos da política nacional de resíduos sólidos como o descarte correto, a reutilização e a reciclagem tanto de resíduos domiciliares quanto da limpeza urbana, o dia-a-dia dos coletores de lixo, seus desafios e soluções para atingir a coleta de 100 toneladas de lixo reciclável por mês.

A profa. Maria Teresa ainda mediou mais uma mesa-redonda que promoveu um debate sobre esgotamento sanitário e drenagem urbana entre os professores Henrique Vieira de Mendonça (UFJF) e Ediu Carlos Lopes Lemes (IFES).

Questões como a Revolução Energética, a previsão de aumento da utilização de placas solares pela população brasileira, fornecimento de energia de forma sustentável e planejada e as novas projeções para matrizes energéticas, foram discutidas entre a representante do Greenpeace Brasil, Larissa Araújo Rodrigues e o professor da UFJF Dr. Francisco Eduardo da Fonseca Delgado.

Os presentes ainda puderam assistir a uma apresentação do coral do Câmpus Muzambinho, regido pelo Maestro Acácio Donizeti, que apresentou diversas ao público durante o intervalo das palestras no salão sul da Urca.

Ao final do segundo dia de evento os congressistas assistiram à palestra máster do professor. Dr. Ivanildo Hespanhol (CIRRA/IRCWR da USP) que demonstrou aos presentes como funcionam os sistemas de reuso da água através de um sistema de osmose reversa que utiliza membranas para limpeza da água.

Água, energia e saúde.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, para cada 1 real investido pelo governo em saneamento básico e acesso à fontes adequadas de água é possível economizar cerca de 4 reais em investimentos em saúde.Essa foi uma das informações discutidas entre a Sra. Vanessa Barbosa (Exame.com), a Dra. Ymiracy Polak (UFPR) e o prof. Fabrício Ritá em um debate mediado pelo prof. Francisco Eduardo da F. Delgado (UFJF).

Segundo Vanessa Barbosa, apesar da mídia disponibilizar matérias sobre a crise hídrica, especialmente em São Paulo, estas tem um número de acessos bem menor que matérias como as que ressaltam os benefícios da ingestão de água para saúde.

Prof. Fabrício Ritá, construiu seu raciocínio em uma rede de atos que vão desde o planejamento até a execução de projetos em prol do meio ambiente e saúde, considerando a utilização dos meios de comunicação para que se garanta o acesso a informação de forma simples e em uma linguagem adequada a toda população.Já prof. Ymiracy Polak, alertou que o saneamento é uma obrigação de investimento do Estado e que a ausência de cuidados e divulgação em torno da crise hídrica pode levar a população a desenvolver uma série de doenças.

Um segundo debate mediado pelo professor do Câmpus Muzambinho, Marcelo Antônio de Morais, reuniu os professores Sandro Yamamoto (ABEEÓLICA), o Dr. Geraldo Lúcio Tiago Filho (IRN/UNIFEI) e o Dr. Amir Zacarias Mesquita em uma discussão sobre os diversos tipos de fontes de energia como a nuclear, a hidroelétrica, outras fontes renováveis e a eólica que, segundo Sandro Yamamoto enfrenta, como um dos principais desafios de instalação a logística de transporte dos materiais para os locais onde serão construídos os parques eólicos.

O encerramento do Congresso contou ainda com a apresentação de três cases sobre o Projeto Pastoral da Ecologia de Cruzília – MG, História Ambiental: Teoria e Metodologia e o Projeto Poli Recicla e com a premiação dos três trabalhos escolhidos entre os dez apresentados oralmente entre as palestras do evento. Paralelamente, ainda foram ofertados no museu da Urca e na carreta do e-Tec do IFSULDEMINAS – Câmpus Muzambinho, 15 minicursos.

O Congresso Nacional do Meio Ambiente de Poços de Caldas é o resultado de uma parceria entre o Câmpus Muzambinho e a GSC Eventos e é realizado anualmente. Mais informações sobre a edição de 2016 poderá ser encontrada no site: http://www.meioambientepocos.com.br/

TEXTO E FOTOS: Tatiana de Carvalho Duarte.

Confira as fotos: