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Reportagem Especial - 07

Projeto do Câmpus Muzambinho viabiliza Sistema de processamento de dados obtidos por estações meteorológicas.

A agrometeorologia é o ramo que estuda a interação dos fenômenos meteorológicos e seus impactos na cadeia produtiva do sistema agropecuário, segundo o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA. Estudando as relações de causa e efeito das condições meteorológicas no meio rural é possível tomar decisões mais precisas quanto a produção agrícola.

Com essa finalidade a aluna do IFSULDEMINAS – Câmpus Muzambinho, Nilva Alice Gaspar, e o Mestrando em Produção Vegetal, Lucas Eduardo de Oliveira Aparecido, orientados pelo professor Tiago Gonçalves Botelho, desenvolveram em seu projeto de iniciação científica o System of water balance – SYSWAB.

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Segundo Lucas Eduardo, o software tem como objetivo o gerenciamento de estações meteorológicas, assim como a realização de análises agrometeorológicas.Entre eles: Evapotranspiração, Balanço Hídrico Climatológico e de Cultivo, Manejo de Irrigação e Estimativa da Produtividade.

Visa, portanto, auxiliar na análise de dados climáticos e, a partir do cruzamento de informações climáticas com índices qualitativos e quantitativos de uma produção agrícola, dar opções ao produtor rural para que planeje seu plantio com mais antecedência.

A maioria dos ramos agronômicos adota técnicas agrometeorológicas na tomada de decisões, como: na economia e sociologia rural, logísticas de escoamento de safras, fito e entomologia, obras hidráulicas, irrigação e drenagem, pesquisa do sistema solo-água-planta, entre outros.

O projeto conta com um banco de dados proveniente da estação meteorológica do Câmpus Muzambinho que é coordenada pelo professor e engenheiro agrícola Dr. Paulo Sérgio de Souza com o apoio de Lucas Eduardo de Oliveira Aparecido.

Paulo Sérgio, com os professores Glauco Souza Rolim da UNESP – Jaboticabal e Vinícius Alves Silva do Câmpus Passos, são os coorientadores do projeto e responsáveis pela metodologia dos cálculos que foram utilizados.

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FOTO ROLIM APARECIDO

O sistema é uma importante ferramenta para o agricultor que poderá fazer o manejo de irrigação da produção de forma mais assertiva através da análise de dados como temperatura, precipitação, radiação, umidade relativa do ar, vento, evapotranspiração e balanço hídrico da planta.

Para fazer sua análise, basta que o produtor acrescente no SYSWAB alguns dados como o espaçamento do plantio, da idade da planta, a vazão de seu gotejador e o número de gotejadores disponíveis em sua plantação.

Segundo Nilva, o software foi construído de forma a exigir o mínimo possível de informações inseridas pelo produtor para que ele fosse mais acessível e de fácil utilização. Ainda segundo a estudante, o cruzamento dessas informações com os dados da estação meteorológica do Câmpus Muzambinho, garantirá ao usuário sugestões de parâmetros para produção com antecedência de até um ano e uma estimativa da produtividade final.

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Apostando na interdisciplinaridade com a união de professores e alunos das áreas de ciências da computação e da agronomia, o sistema demorou cerca de 5 anos para ser concluído. Mas o professor Tiago Gonçalves Botelho ressalta que, apesar de concluído o projeto será constantemente atualizado uma vez que, atualmente conta com dados apenas da estação meteorológica do Câmpus Muzambinho mas já há previsão de parcerias com outras estações para ampliação do raio de resultados possíveis. Paulo destaca ainda que uma parceria com a Cooxupé já está sendo firmada, o que possibilitará a inclusão dos dados de cerca de 16 estações meteorológicas que constam na rede da cooperativa.

Segundo os professores Paulo Sérgio e Tiago Botelho, o SYSWAB é um dos primeiros registros de patente de software realizados pelo IFSULDEMINAS no Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI.

O professor Paulo Sérgio ressalta que esse sistema é de grande importância tanto para o produtor como para as pessoas que direta ou indiretamente lidam com o setor agricola pois além de prover informações para tomada de decisões e planejamento mais assertivas, o sistema ainda poderá substituir as planilhas feitas para controle que geralmente apresentam resultado deficitários, contribuir com banco e empresas financeiras ao substituírem suas técnicas para cálculo de empréstimos e financiamentos por dados mais objetivos do programa e contribuirá com a sociedade através da disponibilização desses dados para iniciativas públicas e privadas.

Os resultados obtidos com o SISWAB já estão sendo divulgados à população e à comunidade acadêmica. Segundo Nilva, o sistema já é utilizado pelo Câmpus Muzambinho para análise do boletim mensal da estação meteorológica, pelos alunos dos cursos técnicos em Agropecuária, Agronomia, na pós-graduação em Cafeicultura e por pesquisadores de outras instituições como UNESP e no projeto da doutoranda da UFSM, Taise Buske.

A fim de promover a divulgação do programa, um artigo explicando detalhes sobre o SYSWAB foi publicado na revista Australian Journal of Crop Science, indexada Qualis A2 e também foi apresentado no Congresso Binacional Uruguay-Argentina de Agrometeorología & XV Reunión Argentina de Agrometeorología.

O SYSWAB ainda está servindo como base para o desenvolvimento de outros projetos como uma versão para web que está sendo criada como trabalho de conclusão de curso pelo aluno Douglas Falconi Nicola, da Ciência da Computação, sob orientação do professor Rodrigo César Evagelista; um software de classificação climática – SCC (System for Climatic Classification) que está sendo desenvolvido pela aluna Nilva Alice Gaspar em seu TCC; e ainda um sistema que viabilizará a integração de softwares e hardwares para automatização da irrigação de áreas rurais e um possível aplicativo para utilização via dispositivos móveis.

Mais informações sobre o SYSWAB podem ser obtidas através do artigo publicado no link: http://www.cropj.com/gaspar_9_6_2015_545_551.pdf

Confira também o Boletim Climático publicado pela estação meteorológica do IFSULDEMINAS – Câmpus Muzambinho no link: http://www.muz.ifsuldeminas.edu.br/index.php/boletins

TEXTO E FOTOS: Tatiana de Carvalho Duarte